Tantos carentes por aí
Joãozinho desce o morro
Diariamente,
Segue rumo certo
Pelas ruas da cidade
Diariamente,
Volta ao morro
Levando uns trocados
Ganhos honestamente.
Era véspera de Natal
Lojas enfeitadas
Brinquedos, não sabe a conta
Percebe deslumbrado
Ter um dia especial
Muita chuva o castiga
Roupa molhada
Joãozinho se abriga
No vão
De uma porta fechada
Ali passa a noite
Corpo cansado, friorento
Alcança o morro
Uma febre doida
Lhe roia por dentro
Sem ver realizado
Seu sonho de natal
Tantos outros sonhados
Joãozinho não resistiu
Sem apoio, sem cuidados
Vítima de Natal
De um sistema incoerente
De ajuda e proteção
À criança carente.