VOVÓ FILHINHA
A Vovó Filhinha era mesmo muito especial. Todos a chamavam de Dindinha. Não sei o porquê... eu, não a chamava assim.
Sempre encolhidinha
mãos postas sobre altar
Jesus Cristinho
a adorar.
Era muito religiosa. Parecia estar sempre em contato com o seu Deus. Devota de Santa Teresinha, seu espírito em orações zelava pela felicidade de todos. Quando ganhou seu primeiro rádio a pilha, muito contrita não deixava de rezar, todos os dias, de joelhos a Ave-Maria e ouvir as notícias da guerra porque seu filho Criso estava lá, representando nosso País. Era radiotelegrafista das forças aliadas. Conta-se que um dia, desesperada, fez promessa à Santa: que recebesse um aviso que aquietasse seu coração de mãe. Precisava saber se teria ainda seu filho vivo. Recebeu um ramalhete de rosas vermelhas iguais as que enfeitam a imagem da Santa. Eram iguaizinhas... mas como se dessas flores não se encontrava ali!
Mãe!
Mulher,
fermento de todas as transformações.
Mesmo submissa quando o destino lhe era implacável,
sabia exatamente como escrever o livro da vida
na infinita humanidade
que se agigantava em suas entranhas.