FESTA DA PENHA
Os romeiros sobem a ladeira,
a ladeira da Virgem da Penha.
Vão deixando pelo caminho,
as rezadeiras,
culpas, pecados, dores, tristezas, mil.
Fieiras de luz faiscante
de velas em mãos peregrinas
iluminam corações, de insones romeiros
que rezam, desfiando as Ave Marias,
com fé, em rosários de lamentações.
Bem no alto do morro,
pés descalços, caminhantes,
lá chegam em procissão,
confiantes.
E as dores das feridas, as muletas,
se misturam com o pó pelo chão.
Todos cantam, todos rezam
e o estandarte estremece no mastro.
Mãos postas a rezar. Os romeiros lá se vão.
E todos em uma só voz:
Ó! Virgem da Penha
tenha piedade de nós.
Ó! Virgem da Penha
Humildemente eu lhe peço perdão,
muita saúde
muito dinheiro no bolso,
riqueza, milhão.
Na igreja os sinos repicam, e
por entre altares de ouro ornados,
flutuam os romeiros, cantando
seu canto, sobre a pedra fincados.
A todos deixam a imagem
de fé, amor, caridade
entoam hinos e de fé
todos irmãos, irmanados...
E ao pé da pedra não há reza:
é pinga, cerveja é forró.
E Jesus lá da cruz abençoa,
crucificado, pelos olhos da Mãe repetia:
- Pai! Perdoai a todos!
De todos Senhor, tenha dó!
Eles ainda não sabem,
são pobres, carentes,
doentes,
não sabem o que fazem.