Eu quero viver numa casa de campo
com sabor de papoulas e mangueiras,
com a fresca aragem do rio em seu canto,
sorrir e amar à sombra das laranjeiras.
Sorrir como quem vive pequenas alegrias,
sem nó na garganta, sem agressões,
e despertar meio dolente, sem fobias,
com o coração feito de amor e declarações.
Limpar o rio que ainda sofre e corre
e carrega nas beiras as feridas da secura.
Quero mergulhar bem fundo, fugir do corre-corre
- vale a pena- e voltar ao tempo de fartura.
E daqui, da beira do rio, alimento peixinhos
em seus nadares redondos, vivos e então
com algumas pedras na mão eu me lanço
e me perco, de vara e anzol na mão.
Na beira do rio, pescando e pensando sem dó,
cesto no chão, peixinho pobrezinho, no rio
chora o cheiro de areia molhada no ar
tão vivo e eu pesco, não pesco um só.
Eu quero viver tranquila no campo,
- cabeça cheia de minhocas - gostaria
de pescar num rio mansinho, sem pirilampo,
separando minhocas para a pescaria.
As flores e o colibri
que pousa em minha janela,
a existência que vivi
nesta vida magricela.
O beija-flor, na janela,
aquele sol inda ausente
é como uma sentinela,
zela meu sono indolente
Busco na Mãe Natureza
a amizade e passarinhos,
e busco toda beleza
alimento animaizinhos.