- Regina Menezes Loureiro
A rua estava deserta! A caminhada ainda não acabou. Nas asas do pensamento sigo em busca de meus sonhos.
É preciso procurar logo o céu além das nuvens, buscar a amplidão do horizonte...
voo em busca de minha alma e penso em você, enquanto acalento versos de amor.
Em minha frente o infinito pede passagem. Não quero questionar o que passou. Quero eternizar o amanhã.
O mundo todo vai se abrindo a cada passada minha.
Sou feliz. Não quero chegar ao fim da jornada. Levanto os olhos e vejo a amplidão.
Uma vida inteira...
Rua deserta em dia de domingo, brisa brincando em meu corpo, aragem que traz juras de amor, pássaros estão tão perto!... e a lembrança de sua presença quente e verdadeira.
Vejo um jovem caminhando, ainda longe, mas vinha em minha direção.
A rua deserta, e tudo virou cinza, nublado.
Senti a boca seca.
Pensamentos desencontrados, desconhecidos, mistério...
Ficou só a certeza do meu caminhar.
Conferi a retaguarda. O sol, o momento, o estridular das cigarras, luzes, sombras.
Reduzi o ritmo das passadas. O sujeito estava agora ao meu lado.
De repente ele começou a gritar:
- Quero “cumê”! tenho fome! Um trocado pelo amor de Deus!. Quero pão, café... Quero dormir, preciso de tudo...
Com a sua caminhada de infernal gritaria, acordava toda a vizinhança.
De repente, toda a selvageria se dissipou e um gesto de amor surgiu e um grito de compaixão pairou no ar.
- Achei um canário no chão da calçada! Está machucado!
Com a mão em concha, delicadamente protegia a ave.
Nova luminosidade no olhar, nova beleza no mundo e mais amor no coração do homem!
A fragilidade do pássaro humanizou a fera!
- Regina Menezes Loureiro
No meio da noite fria,
de epidemia,
Bem-te-vi perdeu o sono,
que agonia, Bem-te-vi!
e no meio daquela praça,
deitou sua cantoria,
causando muita graça.
e a voando, bem depressa,
Bem-te-vi insone, orando ia,
lançando sua prece bem pressa.
Que melodia!... Bem-te-vi!
A moça que é só poesia
ouviu o passarinho
ficou feliz, foi à janela,
com pena do pobrezinho.
Bem-te-vi, na cantoria, se apruma
e enquanto a chuva caía,
a moça, em seu quarto, se arruma
e se pinta, e se faz transformação.
Bem-te-vi bonito cantou
Prá moça a sua canção.
Um sorriso dela escapou
e ela esqueceu a aflição
da Pandemia.
- Regina Menezes Loureiro
Quando me ponho a refletir, em rimas idealizo amores.
Entre pensamentos e sonhos, ondas e brumas, quero viver
festejando a vida, navegar e até esquecer choros e dores.
Às vezes solitário, devaneio entre rimas, faço a trova sobreviver.
Existe um campo magnético que me atrai e seduz,
nele busco palavra certa, faço versos e espero ser ouvido.
Mas, às vezes, descortinam o tudo e o nada – cruz!...
É quando o fôlego crítico é estrangulado na garganta.
Crio novas forças, interpreto a cultura, os valores
da sociedade, quero mudar o mundo, enfrento gerações.
Quero ouvir minha voz para divulgar mil sabores.
Quero ser importante, intelectual de realizações.
Vou dialogar, buscar novas conquistas, viver em paz,
com a consciência tranquila, sonhar não me custa,
e a importância de nossos sonhos e capaz
de construir uma sociedade fraterna, mais justa.